“Como se duplica o valor de um Lada? Enche-se o depósito de gasolina.”
O carro da era soviética
A marca automóvel Lada nasceu nos anos 70, durante a guerra fria. Nesta altura a união soviética não permitia empresas estrangeiras no país, nem produção, nem vendas.
Esta marca definiu a indústria automóvel na Rússia e mantém-se como um ícone deste país.
O sonho socialista era que todos tivessem um carro, totalmente produzido dentro país. Quando digo totalmente, é tudo, até ao mais simples parafuso era produzido e fornecido por empresas nacionais. Muitas delas sediadas ao redor da linha de produção da AutoVAZ, produtora dos carros LADA.
O design era inspirado na marca Italiana Fiat. Era um carro muito simples, pensado para servir a mais básica necessidade das famílias de se movimentarem. Era tão simples que muitos donos reparavam, eles próprios, os danos e as avarias, facilitado pela abundância de peças em todo o lado.
A fiabilidade
Bem, a simplicidade dos LADA não se traduzia na fiabilidade. O carro tinha a fama de avariar frequentemente e daí nasceram muitas piadas em relação à marca como:
“Como se chama um LADA no topo de uma colina? Um milagre”
“Como é que se faz desaparecer um Lada?
Pulveriza-lo com tratamento de ferrugem!”
“Porque é que há luz debaixo do capot do Lada?
Para que o possa arranjar a qualquer hora do dia.”.
Para não falar da segurança, todos nós já vimos no vídeos de LADAS envolvidos em acidentes e comportam-se como harmónicas ao mais pequeno acidente. Talvez os Russos durões sejam resultado da seleção não natural, nos acidentes em LADAS.
A queda da União soviética e a entrada da Renault
A produção dos LADA foi inaugurada celebrando a força soviética com uma incrível linha de produção de quase 1.6 km de comprimento. Rapidamente tomou quase 80% do mercado Russo, assinalando o orgulho nacional em conjunto com a exclusão do país do mercado global.
Em 2007 Vladimir Putin abriu as portas ao investimento internacional. Várias marcas imaginaram o potencial do mercado automóvel na Rússia, nesta Marca nacional e na sua fábrica. Finalmente a marca francesa Renault, comprou 25% da Auto VAZ com o intuito de entrar neste mercado que estava em considerável crescimento.
A Renault planeava produzir cerca de 1.5 milhões de carros anualmente, lançando um modelo com o preço final de cerca de 13.500€.
No entanto, os franceses foram surpreendidos com uma linha de produção extremamente antiquada, em que nada era automatizado. Com quase 100.000 trabalhadores, tudo era feito de uma forma muito manual e pouco eficiente. Consequentemente diminuindo a qualidade do produto final.
A Renault em conjunto com AutoVAZ modernizaram a produção e começaram a importar partes de outros produtores internacionais, como componentes eletrónicos, revolucionando a marca e evoluindo para os standards atuais na industria automóvel.
As vendas projetadas para 2026 estão em 267.700 carros e as receitas a rondar os 3.354 milhões de euros.
As consequências da guerra Rússia – Ucrânia
Em 2020, a Renault anunciou planos para despedir 15.000 trabalhadores mundialmente das suas fábricas, 4.600 deles em França. Esta redução foi justificada com a redução nas vendas devido à pandemia do Coronavírus. Esta medida afeta cerca de 10% de toda a força trabalhadora da maraca Francesa.
Com as sanções tomadas mundialmente contra a Rússia, e apesar de estas para já, não envolverem diretamente o setor automóvel, a verdade é que numa economia global as consequências serão pesadas nas vendas de Renaults e das outras marcas do grupo. O impacto sentido na Rússia terá efeitos em todo o mundo e poderá mudar as vidas de vários trabalhadores nesta e noutras empresas que produzem para este setor.