Erguido em 1392 na Serra de Santa Luzia, Viana do Castelo, hoje está ao abandono e tomado pela vegetação. Ainda é um local em que se sente a profunda devoção à religião.
Inicialmente como oratório, frei Gonçalo Marinho ergueu a primeira cela e capela junto à fonte do Ligo, em 1932. Oito anos depois, o frei viria a falecer e a ser sepultado no local. Por essa altura, a Ordem dos Frades Menores tomaram o espaço e ergueram um edifício maior, transformando-o no primeiro mosteiro da Ordem dos Frades Menores de Portugal.
O mosteiro sofreu várias ampliações durantes os anos, especialmente nos séculos XVI e XVIII, tendo ficado com uma com uma estrutura particular e original, devido à sua localização de terreno sinuoso e de difícil acesso.
O primeiro abandono
Também por culpa do terreno, e do difícil acesso, os monges acabaram por se transferir, em 1625, para o Convento do Santo dos Capuchos, mais perto da cidade.
A encosta rural e isolada da serra de Santa Luzia, era e é muito ingreme e desmotivava os mais crentes a subi-la para alcançar o mosteiro.
Em 1751 os frades voltaram e reedificaram o mosteiro, que não só desenvolviam as atividades religiosas, como cuidavam dos campos e das árvores de frutos em redor.
As doações e tentativas de recuperação
Em 1785, a capela de São Pedro de Alcântara foi mandada construir por António Pereira da Cunha, Senhor da Torre Solar dos Cunha. Nesse mesmo ano, a galilé foi construída graças a vários outros patronos. O padroeiro do convento Sebastião Pinto Rubin Sotomaior, contratou o engenheiro Manuel Pinto Vilalobos para efeito de vários melhoramentos, contando com várias doações de toda a comunidade cristã nacional e internacional, vindo dinheiro da India e do Brasil. Nos arquivos constam também doações da Rainha D. Catarina, que oferecia semanalmente uma arroba de carne ou peixe e a câmara custeava o barbeiro aos frades e cedia-lhes meia arroba de bacalhau, um carneiro, um almude de vinho, um alqueire de pão e uma arroba de vaca em troca dos sermões proferidos.
No século XVIII, Sebastião Pinto Rubin Sotomaior, para além de custear grande parte das obras, comprometeu-se a pagar uma ordinária de 20$000, uma pipa de vinho e dois almudes de azeite para manter a lâmpada da capela-mor acesa.
O segundo abandono
Em 1834, as ordens religiosas foram extintas em Portugal pelo estado liberal, passando o convento para as mãos da Santa Casa da Misericórdia. Atualmente pertence ao Instituo Politécnico de Viana do Castelo.
Em 1850, o templo foi doado à paróquia de Santa Maria Maior, que levou algumas peças para a igreja Matriz, mas ficava tão longe que acabou por ter pouca utilização pelas populações.
Pouco depois acabou por ser vendido em hasta pública a Luís Bravo de Abreu e Lima, 3º visconde da Carreira.
Em 1920 foi herdado por Maria Luísa Malheiro de Távora Castro Feijó, que contratou um caseiro para tratar do local.
Em 1949, a Direção Geral do Ensino Superior de Belas Artes, contatou o proprietário na altura, Rui Meneses de Castro Feijó, propondo a classificação restauro que ele concordou.
Nos anos 50, a DGEMN elaborou uma memória descritiva e orçamento para o restauro, mas as obras nunca avançaram.
Em 1966, os proprietários deixaram de poder pagar ao caseiro, ficando assim o mosteiro ao abandono, vazio e frequentemente pilhado.
Em 2001, o Instituo Politécnico de Viana do Castelo comprou o mosteiro com intuito de ali sediar a sua fundação e em 2002 foi publicado o despacho de abertura de processo de classificação.
Em 2007 o Instituo iniciou algumas obras, que foram embargadas devido à existência de um pedido de classificação, que seria arquivado cinco anos depois.
Vale muito a pena visitar
Hoje, a civilização está muito mais perto do mosteiro, sendo preciso apenas uma pequena caminhada pela calçada antiga.
Essa pequena caminhada, transporta-nos a um ambiente de abandono e misticismo. Por momentos, senti-me como Indiana Jones a encontrar um templo perdido no meio da selva. É extraordinário encontrar um edifico que em tempo de devia ser belíssimo, relembrar a sua história e sentar um pouco dentro dele a sentir a sua energia.